terça-feira, 25 de novembro de 2008

O Logro



Dentro dos meios empresariais é empregado um sistema que visa o crescimento planejado da produção e do desempenho que se chama “sistema de metas”.
Tanto no comércio, na indústria e no setor de serviços, esse sistema é largamente empregado objetivando, como já foi salientado, o crescimento da produtividade. Contudo, por detrás de tão brilhante metodologia está dissimulado um dos mais torpes meios de coação capitalista.
Ao se determinar metas, apesar de todo o cientificismo que serve de suporte aos aspectos teóricos do processo, visa-se essencialmente a expansão do poderio econômico dos agentes envolvidos.
Na maior parte dos casos, ilude-se o trabalhador com promessas de recompensas caso ele atinja as metas propostas, incentivando-lhe à ganância e, maliciosamente, induzindo-o ao sacrifício, ao esgotamento físico e psicológico.
A coisa é tão imoral que muitas vezes estabelecem-se metas de produtividade utópicas, já de antemão se sabendo da sua impossibilidade, mas que são mantidas, pois as metas reais, estando aquém, são plenamente alcançadas e muitas vezes com a vantagem, de estando condicionada qualquer remuneração extra a um nível de desempenho fictício, em não se atingindo tal nível, não ter-se que pagar qualquer bonificação.
É hábito estabelecer-se um piso salarial pouco atrativo a ser compensado no que se chama “ganho sobre a produção”. Entretanto, isto se configura como a mais antiética armadilha, na qual caem os desavisados que se deixam aliciar pelas falsas promessas de melhores ganhos.
Este tipo de esperteza é amplamente empregado nos setores produtivos da economia. Enquanto os empregados trabalham feito burros de carga, labutando ingloriamente para cumprirem as metas determinadas pelas empresas, os empresários confortavelmente vêem de suas cadeiras giratórias o crescimento dos lucros advindos de sua artimanha.
Numa empresa cuja força trabalhadora produza normalmente, sem emprego de esforços extras, uma determinada quota de produção, dificilmente alcançará com toda a dedicação extra e heroísmo, algo que esteja além do humanamente possível.
Empresários imorais sustentam esta situação indefinidamente, pois controlam os meios de produção dos quais dependem os seus empregados para produzindo, sobreviverem. Tal escravidão moderna, organizada cientificamente, tem fortes evidências de uso da manipulação psicológica com base na recompensa. Toca-se o sino e o cão saliva. Tal qual animais amestrados, os trabalhadores jogam suas vidas pelo círculo de fogo, recebendo no final, uma mísera bolacha de prêmio.
Resta saber até quando a classe trabalhadora se acomodará, dando sustentação a essa e a outras articulações.
Vejo as pessoas descontentes, reclamando sempre das injustiças contra elas praticadas, porém não vejo atitudes positivas em relação a uma mudança em relação ao quadro. Sempre o mesmo discurso, mas nenhuma ação direta. É como o muar que zurra, mas continua puxando a carroça.

S. Quimas

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Somos Ricos



“Somos ricos, muitíssimos mais ricos do que cremos. Ricos pelo que possuímos agora; ainda mais ricos pelo que podemos conseguir com os instrumentos atuais; infinitamente mais ricos pelo que poderíamos obter de nosso solo, de nossa ciência e de nossa habilidade técnica, caso se aplicassem a procurar o bem estar de todos”.

Piotr Kropotkin em A Conquista do Pão.



Uma das maiores falhas dos Governos e dos Estados está em não garantir amplamente o bem-estar das populações submetidas ao seu controle. Independente das riquezas geradas pelos cidadãos seja em economias capitalistas ou em Estados socialistas, a classe dominante é incapaz de atender a esta premissa primordial devido a diversos fatores associados na prática a um só núcleo que se faz derradeiro: o interesse minoritário.

Dentro da hierarquia social definida pelos Estados o controle da grande massa dos indivíduos é exercido por uma minoria privilegiada. Essa minoria determina a priori quais são as necessidades que considera, segundo seu discernimento e arbitragem, prioritárias no atendimento do que se define por bem-estar social. Ainda que por escrutínio, alçada pela maioria dos cidadãos à condição de administradores da coisa pública, não está por esse fato livre da injustiça e da inabilidade em lidar de maneira ética com a administração do Estado e de suas instituições.

Constantemente temos notícias do cair de máscaras não somente nos países considerados de Terceiro Mundo, mas também naqueles que se gabam desenvolvidos. Se os primeiros são historicamente mais propensos à corrupção, às injustiças sociais e toda a gama de distorções, os últimos dissimulam o jogo sujo travado no background da política e da economia, diferenciando-se apenas pela fachada apresentada ao mundo.

Hoje boa parte dos Estados está submissa à política capitalista neoliberal e forçosamente os Governos submetem-se aos ditames da economia de mercado, reduzindo a sua interferência nos negócios privados e muitas vezes cedendo quase inteiramente, senão completamente, às políticas das grandes corporações e conglomerados econômicos e financeiros.

Podemos constatar como esse processo vem se desenvolvendo paulatinamente, por exemplo, pelo avanço das empresas privadas dedicadas à saúde, à previdência e à segurança. Estes três itens eram até não muito tempo atrás atribuições quase que exclusiva dos Governos e seus agentes. Com a ingerência por parte do Estado nestes setores, abriu-se caminho para a privatização dos mesmos de uma forma sutil, porém constante.

Como o Estado por si só já não é capaz de dar garantias efetivas ao cidadão, aproveitaram-se do lapso os agentes econômicos privados e, vendo mais um filão a ser explorado, criaram mega-empresas nestes setores que exploram as vulnerabilidades da administração estatal.

Hoje, ao invés das garantias pelo Estado de previdência social e assistência médica à população de forma adequada, paga-se por planos privados, muitas vezes de modo complementar àquele que se contribui obrigatoriamente com os institutos públicos, ou seja, permite-se ser onerado duplamente apenas para se ter garantias de bem-estar e atendimento de melhor qualidade. Isso não é só vergonhoso, é um roubo descarado, pois se o Estado não dá garantias de bom serviço não deveria recolher pelo serviço mal prestado um só vintém.

De modo semelhante, o setor de segurança privada cresce a passos largos, devido à ineficiência do Estado em assegurar à integridade do cidadão. São quilômetros de fios instalados todos os dias interligando parafernálias eletrônicas que espionam, identificam presença, soam alarmes, e por aí vai. Guardas e mais guardas, veículos e mais veículos, num infindável ir e vir para cobrir as lacunas deixadas por um Estado inepto, ou quem sabe conivente.

Há alguma coisa de muito suspeita em toda essa liberalidade. De um lado o Estado omisso, de outra um Capitalismo que avança criando nichos de miséria material e espiritual, ambiente perfeito para a proliferação da violência e da criminalidade. Nunca ouvi falar de alguém que tenha tido oportunidade plena de desenvolvimento, equilíbrio, boa educação, boa formação ética, que tenha mergulhado na criminalidade. Devemos notar que boa formação não é apenas portar um diploma superior, ou comer frios no café da manhã, mas é ter lastro moral. Quem tem tal base não se entrega fácil ao mal.

Todo esse estresse que inunda a vida moderna só agrava as distorções, degradando o ser humano e contaminando a sua vida com coisas negativas e levando-o ao mais completo desastre como indivíduo.

O Capitalismo tem dois braços: as empresas privadas e os Governos, ambos servem a dois propósitos principais, à expansão do lucro e à manutenção do poder da classe dominante.

Hoje, ao invés da família reunida à mesa, a refeição na rua, pois não há tempo na hora de almoço que permita a confraternização mesmo daqueles que residem não muito longe de seus locais de trabalho. Mais cômodo comer num restaurante self-service ou num fast-food, elimina-se o trabalho de preparar o alimento e o de lavar a louça. Porém, o tempo que economizamos não será dedicado à família ou aos amigos, ou mesmo à elevação pessoal, mas ao emprego. Tiramos de nós mesmos e das nossas afinidades para engordar as contas dos agentes do sistema. Depois, reclama-se da desintegração da família, pudera...

Tudo hoje se articula para a mais radical escravização do homem que já se teve notícias na história humana. E o pior, muitas vezes consentida e aplaudida pelos menos avisados, por aqueles que não têm o hábito da reflexão.

Para que possamos romper com esta profecia nefasta, temos que romper com os atuais valores e percebermos que a verdadeira riqueza é aquela que nos dignifica, aquela que é fruto da equanimidade de direitos e condições de desenvolvimento do potencial de cada um, do acesso pleno aos meios de produção, da justiça social e do bem comum.

Todos somos ricos, mas seríamos muito mais, e de fato, sendo livres, respeitando-nos mutuamente, buscando o bem-estar comum, pautando a nossa existência pela doutrina da paz e, assim, sendo solidários, cooperativos e colaborativos com a sociedade em que vivemos.

S. Quimas

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

"Contos e Encantos" (S. Quimas)



Contos e Encantos

O download é gratuito.

Este livro é composto por oito contos escritos entre os anos de 2004 e 2007 por S. Quimas, iniciando-se pelo conto taoista “Além de Uma Aldeia de Agricultores” (2004) e finalizando com “Dona Graça” (2007), a história de uma velha senhora muito beata, mas nem por isto menos pecadora.

Os demais contos que compõem o volume tratam dos mais variados temas, abordando desde a vida simples do homem do campo, como em “Maria dos Meus Sonhos” (2006), até o mundo dos game maníacos, assunto tratado em “O Game” (2007).

“Daisy” (2005) é a história dramática de uma prostituta que pretende largar a prostituição e seguir a carreira de dançarina de boate.

Uma história trágica é narrada de modo singular em “Jogo de Dados”, também de 2005, onde o leitor acompanhará os personagens em uma tentativa de roubo a um circo.

Finalmente, além de “A Corrida de Táxi” (2005), um conto humorístico que relata a desventura de um advogado que, apressado, tenta alcançar o banco aberto para fechar um negócio, “Zé Molambo e as Surpresas de Após a Vida” (2007), um texto que aborda com muito bom humor as aventuras de Zé Molambo, um beberrão inveterado, no mundo espiritual.





Veja também:

Meu novo livro: Palavras de Paz e Liberdade (E-book)



Convido a todos para fazerem o download do meu novo livro
"Palavras de Paz e Liberdade",
que poderá ser baixado do endereço abaixo:
http://www.4shared.com/file/tAiNt_4Z/Palavras_de_Paz_e_Liberdade_po.html

O download é gratuito.
Abraços a todos.
S. Quimas

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